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Como nasce a dependência emocional

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 10 de fev. de 2018
  • 2 min de leitura

Essa semana recebi uma história que, apesar de desconhecer a veracidade, possui um forte conteúdo psicológico e ilustra, brilhantemente, como ocorre a dependência emocional.


“Em uma de suas reuniões, Hitler pediu que lhe trouxessem uma galinha. Agarrou-a forte com uma das mãos enquanto a depenava com a outra. A galinha, desesperada pela dor, quis fugir mas não pôde. Assim, Hitler tirou todas suas penas, dizendo aos seus colaboradores:

“Agora, observem o que vai acontecer”.

Hitler soltou a galinha no chão e afastou-se um pouco dela. Pegou um punhado de grãos de trigo, começou a caminhar pela sala e a atirar os grãos de trigo ao chão, enquanto seus colaboradores viam, assombrados, como a galinha, assustada, dolorida e sangrando, corria atrás de Hitler e tentava agarrar algumas migalhas, dando voltas pela sala.

A galinha o seguia fielmente por todos os lados. Então, Hitler olhou para seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos, e lhes disse: “Assim, facilmente, se governa os estúpidos. A galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei. Tirei-lhe as penas e a dignidade, mas, ainda assim ela me segue em busca de farelos”.


O texto se refere às questões políticas, porém é igualmente aplicável aos aspectos emocionais.

Costumamos julgar como bobos, fracos, e “burros”, pessoas que permanecem estagnadas por anos, em situação de dor emocional. Consideramos que a permanência na condição de sofrimento é opcional e depende exclusivamente de uma “tomada de decisão”. Temos que ter cautela ao afirmar isso.


Pensar dessa forma, reduz um comportamento complexo numa ideia simplória. De fato, tomar a decisão é o primeiro passo para sair desse cárcere emocional, porem não podemos desprezar o fator “dependência”.


Sofrer vicia!


Um indivíduo submetido a maus tratos emocionais por muitos anos, perde a autonomia sobre a própria vida e entra num paradoxo perturbador de desejo e repulsa: racionalmente repudia a situação, mas emocionalmente não consegue se desvencilhar dela. É como um usuário de droga que sabe que sua vida está descendo ladeira abaixo, mas não consegue abandonar o vício.


Sair dessa prisão, vai muito além da vontade. É preciso empenho para vencer a luta entre duas forças poderosas: a razão, que sabe que a mudança é necessária, e a emoção, que reage contra a decisão como um impulso involuntário.


Alguns conseguem romper o cativeiro quando a sua vida já está insustentável, mas outros, incluindo os inteligentes, se mantém na mesma condição da galinha: depenada e vivendo da migalha do próprio algoz.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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