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Comunicação não violenta

O termo tem sido usado atualmente com mais frequência, mas a ideia já existe e é usada desde os anos 60. O método comunicativo não violento foi desenvolvido por um psicólogo americano - Marshall Bertram Rosenberg - e é usado como guia de resolução de conflitos em mais de 65 países ao redor do mundo. Mas a comunicação não violenta ou comunicação pacífica não precisa ser somente base de diálogo entre países; ela pode abarcar nossa forma de nos expressar em nosso dia a dia. Afinal, muitos conflitos podem ser evitados se tivermos esse cuidado quando formos interagir com outras pessoas. Se comunicar pacificamente implica em eliminar críticas, comentários depreciativos e rispidez na fala, isso não significa deixar de dizer o que deve ser dito, mas sim tomar cuidado com a forma que é feita. Palavras duras em voz de veludo, essa é a receita. Alguns anos atrás havia um personagem de um programa televisivo chamado “Saraiva”. Este não tolerava ouvir nenhuma pergunta que ele julgava “idiota” que logo tratava jeito de responder agressivamente quem havia perguntado. E não escapava ninguém, desde a esposa, até o entregador de pizza, médico, e até quem ele próprio solicitava ajuda não escapava da sua impaciência. O curioso é que, mesmo descarregando suas grosserias no interlocutor, Saraiva apresentava tiques nervoso e alteração da expressão facial, típicos de um indivíduo em estado de estresse. Ou seja, aquele jeito agressivo parecia fazer muito mais mal a sua costumeira irritabilidade. E este é um ponto interessante; muitos pensam que é preferível explodir do que implodir, mas esse pensamento é um equívoco. Nenhuma das duas manifestações proporcionam alívio. Ao contrário, costumam inflamar ainda mais os ânimos. Levar um estilo de vida colérico, alem de fazer mal ao outro, intoxica quem sente. Se comunicar violentamente também não resolve, ao contrário, cria no interlocutor o desejo de revidar a grosseria recebida gratuitamente. Viver com o modo “saraiva” ativado é particularmente estressante, além de sem nenhuma educação. Talvez um bom começo para pegar o retorno dessa estrada tortuosa seja ouvir mais, frear o impulso de tecer comentários não edificantes, se comunicar com mansidão e evitar a qualquer custo os golpes verbais. Há um ensinamento budista que ilustra bem essa reflexão. Diz: a ofensa é uma brasa que você atira em outra pessoa com o intuito de queimá-la. Talvez você consiga acertar, talvez não. Mas, em cem por cento das vezes, antes de acertar o outro, inevitavelmente você queimará sua mão. O contrário é verdadeiro. Quando conseguimos nos manter na serenidade, paciência e docilidade, o resultado é percebido através da paz interior e bem-estar de conseguir dominar aquilo que te dominava – a impaciência.

Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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