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Psicologia do medo

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 30 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

De uma maneira geral, somos mais treinados para sentirmos medo do que coragem. Isso tem a ver com a educação que recebemos, as incertezas quanto ao futuro, as cobranças sociais e os estímulos negativos ao longo da vida. Muitas vezes crescemos ouvindo frases vazias de conteúdo, mas ganham peso ao serem repetidas pelos nossos pais como uma filosofia de vida. Estão mesmo a serviço de implantar o medo. Alguns exemplos:

  • O cavalo passa arriado uma vez só - Aparentemente o ditado objetiva incentivar a não perder uma oportunidade. Contudo, o foco não está no incentivo e sim no medo. A ênfase “uma vez só” deixa claro que não haverá uma nova chance nunca mais. Uma afirmação sem sentido. Limitar a oportunidade de uma vida inteira a uma única é de uma simplicidade sem fim.

  • Mais vale um pássaro na mão que dois voando - Outra frase que está a serviço de implantar o medo e nos desencorajar a buscar mais. Transmite a clara mensagem: “prefira a nulidade ao risco, você pode perder tudo”. Os grandes empreendedores e vencedores certamente não são regidos por essa premissa. Eles bem sabem que para ir além é preciso coragem e não medo.

  • Cabeça vazia oficina do diabo - na verdade deveria ser o contrario: “cabeça cheia oficia do diabo”. Uma cabeça cheia tende a ser impulsiva, impaciente e implacável com todos a seu redor. Nada pior que uma cabeça cheia. Não é a toa que o objetivo da meditação é esvaziar mente. Somente através da mente vazia atingiremos o estado zen. Se precisarmos encher a cabeça para não pensar bobagem, é porque algo já está errado.

  • A ignorância é uma benção - Existem 3 estágios; o primeiro é a “ignorância”: que significa o desconhecimento. Muitos elogiam esse estado por entender que quando não se tem conhecimento, não se tem dor. Mas isso não significa que não haja um preço a pagar. Um motorista que não sabe que é proibido parar em determinado local, não está isento da multa. Um indivíduo que não sabe que está sendo traído, não está isento do prejuízo dessa traição. A ignorância é como uma mão anestesiada que vai ao fogo, em princípio você não sente dor, mas isso não significa que você não irá sofrer as consequências da queimadura. O segundo estágio é o “conhecimento”: aqui a pessoa conhece, mas, não tem controle sobre a situação, e por isso sofre. Este sofrimento, deriva da falta de controle e domínio das emoções. E, por último a “sabedoria”: aqui a pessoa tem conhecimento, como no estágio anterior, porém não quer controlar a situação. Sem querer mudar o imutável. Uma forma sabia de viver a vida onde não é necessário desconhecer para não sofrer. Este estágio é uma benção.

  • As pessoas só fazem com você o que você permite - Isso não é verdade. As pessoas fazem conosco o não permitimos, mas, por falta de conhecimento (ignorância), não percebemos. Como podemos ser responsáveis por algo que sequer sabemos? Nossa responsabilidade começa à partir do momento que fatos se evidenciam. Daí para frente, se negligenciarmos as evidencias, sim, seremos co-responsáveis. Afirmar que o outro só faz o que eu permito, é inocentar o algoz e culpar a vítima.

É importante filtrarmos com critério aquilo que ouvimos e repetimos.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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