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A maldade que deriva da inveja

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 25 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

“Tenho uma vizinha que era também a melhor amiga. Era uma pessoa extremamente prestativa, ajudava em tudo que precisávamos. Foi só eu conseguir um bom emprego e começar a namorar que ela desenvolveu uma raiva contra mim a ponto de me prejudicar com mentiras e até dando em cima do meu namorado. Não houve nenhum motivo para isso a não ser o fato de eu estar bem e feliz”.

Situações como essas são difíceis de serem compreendidas e causam intensa dor. Deflagram claramente a dificuldade em lidar com o sucesso dos que estão próximos. São pessoas que só conseguem ser amáveis e bons amigos quando os outros estão numa condição desfavorável; mas, quando o cenário muda, desenvolvem uma hostilidade cruel. De forma inconsciente, estão sempre torcendo para a infelicidade dos outros, para que, dessa forma, continuem sendo demandados e tendo a superioridade confirmada. A explicação para esse tipo de comportamento está basicamente na inveja. Talvez uma boa definição para inveja seja: a tristeza pela felicidade do outro. Desejar o que o outro tem é cobiça, mas se entristecer é inveja. Este sentimento pode se manifestar de duas formas: a primeira é silenciosa – guardam para si e tentam não transparecer o que estão sentindo. Via de regra, arrumam algum pretexto e se afastam para não ter que conviver com a alegria alheia. Não ajudam, mas também não prejudicam. Apenas se entristecem em silêncio. Já a segunda forma é mais cruel. Ocorre quando uma pessoa, incapaz de conter a raiva, pratica alguma maldade contra quem está feliz.

O invejoso se sente humilhado por não estar desfrutando de condições semelhantes e não querer se esforçar para atingi-las. Prefere mesmo destruir o outro ao invés de buscar o próprio sucesso

Essa crueldade, quase que indomável, tem a ver com o fato de o invejoso se sentir humilhado por não estar desfrutando de condições semelhantes e não querer se esforçar para atingi-las. Prefere mesmo destruir o outro ao invés de buscar o próprio sucesso. Inicialmente, pode parecer sem sentido pensar que uma pessoa queira perder tempo fazendo algum tipo de mal para a outra. Porém há uma motivação forte para isso. Primeiramente são pessoas com um baixo freio moral, e em segundo lugar deve-se ao fato de o invejoso interpretar a alegria alheia como uma afronta. Dessa forma, se sentem perdedores e instigados a querer, a qualquer custo, um ressarcimento. O que eles fazem? Como perdedores, buscam a “justiça” tentando atrapalhar quem está bem. Para isso, usam qualquer tipo de artifício e, mesmo sabendo das consequências danosas dos seus atos, não conseguem contê-las. Eles, os perdedores, agem sem nenhum constrangimento. É como se tivessem uma autorização, uma espécie de salvo conduto para praticar o mal. Com isso, mentem, choram, praticam injúrias, calúnias e assassinam a reputação de quem quer que seja sem pensar nas consequências. Fazem e acontecem e saem com a consciência tranquila. Querer que um invejoso agressivo sinta algum tipo de remorso ou culpa pelo dano causado não deixa de ser ingenuidade, pois se ele tivesse esse tipo de consciência, não teria tido tal comportamento. Desta forma, nos resta pensar duas vezes antes de confiarmos nossa intimidade a alguém.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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