top of page

Entendendo o medo da mudança

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 4 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura

Temos a tendência de nos manter em nossa “zona de conforto”. Essa expressão nos dá ideia de um lugar prazeroso e bom, mas na verdade, não é isso. Na psicologia, o termo “conforto” tem a ver com o fato de ser um lugar conhecido, mas não necessariamente agradável. Aliás, a maioria dessas zonas é bem desconfortável. A dificuldade em sair delas deriva da dificuldade em encarar a mudança. Um bom exemplo disso é o trabalho. Nem sempre nos sentimos satisfeitos com o nosso emprego, com a atividade que exercemos e nem com o salário que recebemos. Porém, sem coragem para mudar, continuamos parados onde estamos, à espera de uma melhora, que no fundo, sabemos que não irá acontecer. A permanência nessas zonas de conforto ocorre não só em empregos ruins, mas também em casamentos ruins, amizades abusivas e outras situações desconfortáveis que, por inércia, não conseguimos desvencilhar. Costumamos passar décadas convivendo com dores e aborrecimentos que poderíamos evitar. Não é sempre que conseguimos nos livrar daquilo que nos faz sofrer. Há dores que são inevitáveis: morte, doença, tragédias e saber lidar com elas significa maturidade emocional, resiliência e força. Contudo, conviver com dores que poderiam ser evitadas, mas não são por comodismo, caracteriza fraqueza emocional. Mas por que agimos assim se o principal interessado somos nós mesmos? Primeiro, porque sair de zona de conforto não é fácil; o movimento é árduo, permeado por medos e inseguranças. Quanto menos tentamos, mais inseguros nos tornamos. E segundo porque mudar requer esforço, disciplina, privações, determinação e várias outras atitudes imediatamente desprazerosas. Não é fácil quebrar padrões repetidos por anos. Além disso, para mudar um único comportamento, é preciso mudar no mínimo outros três e ainda ter que lidar com a questão do recomeço. Muitos não estão dispostos a isso; preferem ficar onde estão a começar do zero.

A permanência nessas zonas de conforto ocorre não só em empregos ruins, mas também em casamentos ruins, amizades abusivas

Outro fator responsável por ficarmos estagnados na zona de conforto é a psicologia do medo cultuada por muitas famílias. É difícil ter coragem para ousar ouvindo os pais advertirem: não troque o certo pelo duvidoso. Sem o apoio da família o problema costuma aumentar. Isso porque toda mudança é um embrião de um possível fracasso. Pensando assim, muitos preferem não arriscar para não ter que ouvir o desagradável “eu te avisei”. Aos que estão dispostos a romper com a zona conhecida e ir além, precisam desenvolver capacidade de se importar menos com a opinião alheia; conseguir lidar bem com a frustração, entendendo que possíveis quedas fazem parte da caminhada e principalmente se sentir merecedor de uma condição melhor.

 
 
 

Comentários


Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook - Black Circle
  • Twitter - Black Circle
  • Instagram - Black Circle
bottom of page