Consumismo de final de ano
- Simone Demolinari
- 5 de dez. de 2019
- 2 min de leitura
As propagandas de Natal nos incentivam a consumir mais. Acabamos introjetando a ideia de que é preciso presentear, comprar, acumular e ter sempre mais para sermos felizes, mais valorizados e aceitos. Isso tudo validado pela sociedade que vem mudando de paradigma ao longo dos anos. Antigamente, as pessoas tinham notoriedade através do “ser”.
Ser um profissional de excelência, como bom professor, um bom advogado, uma pessoa de boa índole e caráter era algo muito valorizado socialmente.
Com o tempo essa dinâmica mudou. O “ser” foi ficando desvalorizado e, aos poucos, o “ter” foi ganhando espaço. Dessa forma, carros, grifes, bolsas, joias, barcos, aviões, tornaram-se objetos de destaque e o indivíduo passou a ser admirado pelo que possui e ostenta. O interessante, neste caso, é que a origem do patrimônio não importa. Mesmo quando o indivíduo adquire os bens por meios ilegais, roubos, contrabando, ainda assim é admirado e tratado com deferência.
Além disso, há também os que gostam de “parecer”: parecer ser rico, parecer ser feliz, parecer ser espiritualizado, parecer ser fiel, parecer ser humilde, parecer ser simpático. Aparências, nada mais. Muito apropriada a citação de Nicolau Maquiavel: “os homens em geral formam suas opiniões guiando-se pela vista do que pelo tato, pois a todos é dado ver, mas a poucos é dado sentir”.
Nessa busca exibicionista e também consumista, muitos se endividam e se distanciam da própria essência. Embora seja difícil lutar contra a cultura marqueteira, precisamos ter em mente o real significado do Natal e aproveitar o momento para dar de presente coisas que não estão disponíveis nas lojas, como por exemplo:
- Perdão: Perdoar não significa esquecer e sim tornar a emoção uma memória fria. É deixar a mágoa para trás e seguir em frente. Sem ressentimento, nem cobrança. É como abrir mão do pagamento de uma dívida.
- Escuta de qualidade: estamos cada vez mais com necessidade de falar e dificuldade em ouvir. Quando paramos para ouvir dividimos a atenção com as notificações do celular.
- Exercício da paciência, tolerância: implica em compreender a limitação do outro e aplicar a compaixão.
- Aumentar a delicadeza no trato com as pessoas: há um ditado que diz que devemos tratar o outro como gostaríamos de ser tratados. Não é isso que penso. Acredito que devemos tratar o outro como ELE gostaria de ser tratado. Afinal, o que é valor para mim pode não ser para o outro. Só assim aumentaremos a empatia à despeito da nossa auto referência.
Se conseguirmos ficar atentos aos interesses de quem amamos, daremos para ele o melhor e mais caro presente, não só de Natal, mas da vida.




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