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Explosão emocional e comportamento reativo

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 20 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

São consideradas “reativas” as pessoas que agem negativamente em resposta ao comportamento do outro. Recebem um estímulo e se comportam de forma automática e irracional.

Uma pessoa reativa se torna passional pois perde a autonomia sobre si, ficando à mercê da circunstâncias. Abaixo uma estória que ilustra o caso: João era um indivíduo reativo. Bastava alguém falar algo com o que ele não concordava que rapidamente ele reagia negativamente: alterava o tom de voz, ficava nervoso, agressivo, iniciava um discurso acalorado em defesa do seu ponto de vista e não raramente se ressentia. Ficava visivelmente incomodado ao se deparar com uma discordância de gosto ou de opinião e quando recebia uma crítica, reagia extremamente mal e tratava de apontar outra crítica ainda maior no interlocutor.

O curioso é que ele se autodefinia como uma pessoa “racional”, porém isso não passava de uma percepção distorcida sobre si; era explicitamente “emocional”. E, mais, não percebia o quanto seu jeito trazia prejuízos para sua vida. Parecia que ele gostava de ser assim, pois se gabava de sua “assertividade”.

Todos sabiam o quanto João era uma pessoa difícil de lidar. Seus amigos já não tinham mais prazer em bater papo com ele, a família tinha medo de conversar espontaneamente e tomava muito cuidado para não melindrá-lo. Sua esposa dizia que só conseguia manter a paz do lar se “pisasse em vidros” (e não em ovos) para conversar com ele. Segundo ela, ovos quando quebram não machucam ninguém, já o vidro...

De tanto agir assim, ficou conhecido como “João Explosão”. Por precaução, nunca deixaram que ele soubesse de seu apelido.

Com o passar do tempo, ao invés de melhorar, piorou. Suas reações negativas viraram um traço marcante da sua personalidade. João estava sempre pronto para o ataque, parecia viver com o modo sobrevivência ativado – como se tudo e todos fossem uma ameaça constante.

Além de fazer as pessoas ao seu redor sofrerem, João também sofria preso na sua própria limitação.

A estória de João é de fácil percepção alheia, mas de difícil autoanálise. Isso porque a anomalia se desenvolve à espreita: despoja o afetado de lucidez deixando-o acreditar que todos estão errados, menos ele.

Algumas características do indivíduo reativo: - Agir impulsivamente; - Perda de controle sobre suas emoções; - Melindrar-se com facilidade; - Explosão emocional; - Se indispor constantemente com amigos e familiares; - Afetividade vinculada à sua reatividade; - Se chatear com críticas; - Pouquíssima tolerância à frustração; - Dificuldade em ouvir uma opinião contrária (interrompe a pessoa antes dela terminar) - Desfaz laços de amizades caso algo lhe desagrade;

É importante ressaltar que a reatividade é um mecanismo de defesa que deriva do medo. O reativo é um medroso que, por insegurança, ataca para se defender.

Se livrar desse comportamento requer tomada de consciência seguido de muito trabalho e vontade evoluir. Um processo possível para os humildes de coração e muito difícil para aqueles que já se acham muito bons.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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