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O balde de caranquejo

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 25 de jul. de 2019
  • 2 min de leitura

O termo “mentalidade de caranguejo” é largamente utilizado no mundo empresarial para descrever pessoas que, ao ver o colega de trabalho progredindo, tentam puxá-lo para baixo de alguma maneira.


Essa metáfora explica que se um caranguejo estiver sozinho dentro de um balde, fará de tudo para sair. E eventualmente conseguirá. Mas se colocado com vários outros, sempre que um estiver saindo, outros o puxarão para baixo, fazendo com que ele volte para dentro. E assim, nenhum caranguejo sai. Essa teoria resume a ideia: “se eu não consigo, você também não conseguirá”.


Mas, isso não ocorre só no mundo empresarial. Infelizmente, estamos cercados por pessoas com mentalidade de caranguejo. O interessante é que esse não é um comportamento consciente e lógico, como se a pessoa determinasse: “vou ali atrapalhar fulano”. Não é assim que acontece. O mecanismo é inconsciente, acontece de forma natural e vem disfarçado de críticas, desdém, desencorajamento, psicologia do medo, desmerecimento, sarcasmo, comentários opressores.


Às vezes, é difícil perceber pessoas assim, pois o derrotismo vem embalado de amor: “só estou falando isso para o seu bem”. Não há bem nisso. Há inveja, rancor, ódio e negatividade. Explicar esse comportamento em pessoas não tão próximas é fácil, difícil é entender porque isso ocorre em pessoas que nos amam.


Para compreender a mentalidade de caranguejo precisamos saber que o problema não está necessariamente no sucesso do outro, e sim na sensação de inferioridade sentida com o sucesso alheio. A partir do momento que ele vê alguém sobressair, nasce a sensação de que é menos inteligente, mais preguiçoso, medroso e várias outras sensações ruins. Essa constatação é insuportável e, instintivamente, o mecanismo de “puxar para baixo” é engatilhado. Passam de caranguejo a tubarões da negatividade.


Começam apostando que nada dará certo, desconfiando, agindo com má vontade e boicotando através de pequenas ações. Acabam por assumir uma postura arrogante. Se a coisa não segue o rumo desejado não são capazes de lidar com o sentimento interno de frustração e fazem o que faz uma criança que perde o jogo: pega birra, grita e destrói. É o que sobra para quem depara com a própria impotência.


Pessoas assim são incapazes de perceber as consequências das suas atitudes destrutivas. Desenvolvem uma cegueira emocional e se acham certos, por isso perdem o poder da autocrítica. Provocam o mal se achando do bem.


Lidar com pessoas assim, mesmo que de vez em quando, é difícil, mas imagina quem é assim e tem que lidar consigo o tempo todo? Alem de ser uma fonte constante de angústia, deve ser insuportável.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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