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Um tabu chamado suicídio

  • Foto do escritor: Simone Demolinari
    Simone Demolinari
  • 5 de set. de 2019
  • 2 min de leitura

Muitos acreditam que quem tenta se matar está tentando mesmo é chamar atenção. Com isso, criticam e repreendem quem o faz, dizendo: “quem quer se matar, se mata, não ameaça”. Mas é preciso tratar o assunto com cautela. Estudos revelam que pessoas que prenunciam o suicídio são aquelas de maior vulnerabilidade. Aliás, um bom indicativo é a própria tentativa. Aquele que quer trazer a atenção para si, através da tentativa de autoextermínio, está de fato precisando de acolhimento e não de julgamento.


É preciso falar sobre o suicídio. O silêncio não resolve, piora, e as estatísticas mostram uma triste realidade. No mundo, 800 mil pessoas se matam por ano, uma média assustadora de uma morte a cada 40 segundos.


Este assunto vem sendo debatido com mais ênfase há quatro anos devido a uma importante campanha: “Setembro Amarelo”. O amarelo, cor que simboliza “atenção”, vem com o objetivo direto de alertar a população a respeito dessa triste realidade, buscando também debater suas formas de prevenção.


É impossível falar de suicídio sem falar de depressão. Geralmente, aqueles que pensam em tirar a própria vida estão atravessando um quadro depressivo. Nele, as emoções são exacerbadas, a gravidade da situação é ampliada e a desesperança toma conta fazendo a pessoa acreditar que seu problema (seja ele qual for) só tem uma solução: a morte.


As razões para se desencadear um quadro depressivo são inúmeras e variam de pessoa para pessoa. É uma doença que infelizmente vem crescendo muito nos últimos anos.


A depressão apresenta diversos graus de intensidade. Nos quadros mais severos, o depressivo, por mais que queira, não consegue reagir aos estímulos, ficando totalmente paralisado, geralmente trancado num quarto, sem vontade de tomar banho nem de ver a luz do dia.


Já em quadros mais leves, como a distimia, o indivíduo consegue exercer normalmente a atividade profissional, namorar, casar, constituir família e até dar algumas risadas, porém não há dentro de si um vigor em relação à vida. Pelo contrário: há uma forte tendência em achar tudo sem sentido. Há uma nítida perda de prazer nas atividades cotidianas. Tudo fica meio chato, cansativo e sem graça. Aos poucos, o indivíduo vai se isolando, aumentando o sentimento de negatividade/ pessimismo, se desinteressando por atividades sociais, com maior irritabilidade e até com mau humor.


A situação se agrava pois, com essa condição modulada para baixo, dificilmente há energia sobrando para manter uma rotina de vida saudável. Ao contrário, há uma grande tendência aos vícios. Sem fonte de prazer saudável, o caminho mais curto é buscar o prazer imediato: comida, açúcar, álcool, drogas, jogos, compras, etc. A rotina que já não está organizada desorganiza-se ainda mais. A pessoa gasta o que não tem, bebe além do limite, perde o horário, dorme muito, come compulsivamente, etc. Entra numa espiral descendente. Sair desse contexto não é fácil. É preciso ajuda, principalmente dos familiares.

 
 
 

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Psicoterapeuta com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado com linha de pesquisa em Anomalia Comportamental pelo ISCTE / Fundação Getulio Vargas.
Articulista do Jornal Hoje em Dia e Revista Exclusive.
Desde 2010 está no ar diariamente na rádio 102,9 FM; e desde 2014 semanalmente na 98 FM falando sobre comportamento.

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